quarta-feira, 6 de maio de 2009
EM TODAS AS PORTAS
* * *
Por um instante esquecerás que ele ligou com a voz grave que mais parecia desses cd´s de bíblia, ou que tu parecias enlouquecida pelo centro, despencada pelo desespero de chegar no exato ponto em que te encontras. Sumirá voz, rua, sombras e jacarandás porque ficarás como mármore olhando para essa pessoa distorcida e com a cabeça tão grande que precisaria de todas as idéias do mundo para preencher apenas metade. Olharás para esse simulacro ? mesmo não tendo a menor idéia do que é um simulacro, mas tudo bem, já que os significados deixaram de ter qualquer importância no mesmo instante em que desligaste o telefone e abriste a porta do escritório e saíste pela rua, deixando-te envolver e fazer parte do redemoinho formado pelos edifícios, as pessoas, os ruídos, os meninos que vendem vale-transporte. A imagem, ou um Tu quase sem olhos, não te assustará, mas não poderás negar a fisgada no estômago que fará com que contraias de leve os músculos do queixo, ao perceber que esse comprido Tu poderia significar o suposto reaparecimento de uma pessoa morta. Isso porque no fundo sabes o quanto alguém pode? e precisa? morrer muitas e muitas vezes para conseguir viver no turbilhão que, mesmo não querendo, ajuda a constituir.Velarás esse Tu, ainda parada na calçada. Velarás no silêncio só destinado às grandes perdas. E como é costume nos lentos cenários funestos, recordarás de Sua vida? uma vida que também foi tua. Cavoucarás cada centímetro de lembrança, achando lindo como o outro ria ? e todo ele ria, até os olhos. Achavas também bonita a boca e nesses momentos chegavas mais perto, buscando a língua e a beijava, mordendo-lhe os lábios. O reflexo retorcido parecerá rolos opacos de fumaça quando deres dois passos à frente, erguendo a mão. Desejarás dissolvê-lo com o toque dos teus dedos, fazendo um esforço muito maior para alcançar a porta. Muito maior do que o esforço que normalmente as pessoas fazem para abrir ou fechar portas vazias. Mas não chegarás a alcançá-la. Será a porta que irá de encontro a ti, tocando não apenas teus dedos como toda a mão e parte do braço. Verás, muda, o corpo que dela sairá, um senhor bem vestido que será educado, pedir-te-á desculpas e partirá ? terás tempo suficiente para saber que será mais um a fazer parte da turba e talvez os bons modos o abandonem na primeira esquina. E quando a porta voltar ao lugar, não verás aquele Tu em espiral, mas um muito mais parecido contigo. A menos de um palmo deste, tua respiração formando círculos embaçados em sua boca, vislumbrarás o desvelo de uma simples verdade. Que passará rápida como esses lenços leves que caem dos pescoços das moças? então, precisarás estar bastante atenta para perceber que todas as portas guardam uma porção dessas pessoas que deveriam estar mortas. Todas as portas e seus reflexos são potencialmente lugares para supostos reaparecimentos destas pessoas? ou deste Tu. O reflexo te olhará nos olhos. Porque és apenas uma mulher suada por correres tanto, engolirás em seco os goles de certeza que Ele está a mostrar. Que perderás de vista o outro, assim como te perderam de vista todos aqueles que te amaram. Que teu caminhar apressado descompassou não apenas a simetria da tarde de trabalho, mas também o futuro bastante ingênuo que acreditavas existir. E saberás, pelo reflexo que agora te fala, que o telefonema foi apenas mais um telefonema. Sobretudo, quase engasgarás ao ver que mesmo que invadas o corredor a tua frente, que suba de dois em dois os degraus da escada, será só mais um sepulcro a violar. Uma coisa morta, que poderá te dar prazer pela descoberta, mas nunca deixará de ser a coisa morta que já é.Então, como se não houvesse mais nada o que fazer ali, resolverás retroceder. Ainda te encararás refletida na porta que não ousaste abrir. A memória do outro persistirá, e sentirás que ela escorrega entre as mais variadas lembranças procurando o melhor lugar para acomodar-se e ser eterna. Estarás tão perplexa quanto estavas ao telefone? e parecerá, nesse minuto, que isso aconteceu há tantos anos que já ganhou o desbotado das coisas antigas. No segundo passo, quando souberes que a imagem quase fiel a ti está muito próxima de se transformar no reflexo alongado, darás as costas.Atravessarás a rua. Para ti, os jacarandás formarão passarela, enquanto molestarás a calçada com teu passo duro, ciente de que cansaste de um jogo que nem mesmo sabias, até então, estar participando. E quando chegares na esquina, verás o ir e vir das pessoas, e não estranharás que elas pareçam um tanto mais altas, distorcidas, as testas maiores do que todo o resto do rosto. Fecharás os olhos, e no cego movimento do teu corpo voltarás a compor o turbilhão a que sempre estiveste destinada.
Publicado na Antologia "Inventário das delicadezas", org. Charles Kiefer; ed. Nova Prova.
www.ordinariedades.blogspot.com
quinta-feira, 30 de abril de 2009
o homem que não chegou à Lua
quarta-feira, 18 de março de 2009
Conto de Carnaval - capítulo XXIV do romance Vale do Rio Preto

Marissol e seu marido, já enfastiados das agressivas e nojentas práticas do entrudo, decidiram inovar. Vestiram belas fantasias. Ela fez-se linda e irresistível num leve vestido de seda branco, bem rodado na altura do joelho. Colocou uma bela máscara branca com um rosto estilizado que sorria um sorriso alegre e sincero, em preto.
Fábio colocou sobre o corpo uma longa túnica de pano negra e sobre o rosto uma máscara semelhante, mas com as extremidades dos lábios caídas, demonstrando uma enorme tristeza e um profundo sofrimento, daqueles que faltam palavras para descrever e mal se pode chorar, pois o choro é incapaz de alcançar a intensidade do desespero que fulmina a alma. Romantizando o sofrido ser encarnado, Fábio pegou um bandolim emprestado com Cid e saiu pelas ruas declamando versos de amor para sua amada, enquanto, no início da maioria dos versos e no final de outros, ressonava um acorde aleatório que transparecia sua total falta de intimidade com o instrumento, mera alegoria.
E assim saíram pelas ruas de Maricá do Rio Preto, num ato de coragem e bravura, a fim de dar um ponto final nos violentos entrudos. Tinham esperança de que, ao verem tão bela e romântica cena, os foliões fraquejassem e não tivessem coragem de atirar algo como água, farinha ou limão de cheiro sobre o casal. E estavam certos.
Durante toda a tarde o par romântico rodou a cidade. Ele proclamando o amor pela companheira e ela fazendo-se de difícil até sucumbir aos seus encantos e cair em seus braços, fazendo as máscaras beijarem-se. Ninguém na cidade sabia quem eram aqueles mascarados, o que atraiu ainda mais atenção, esvaziando quase que por completo os tradicionais entrudos.
Caída a noite, Maricá do Rio Preto sofria uma transformação...
Para saber mais sobre o Carnaval no Vale do Rio Preto acesse:
http://www.renatoamado.blogger.com.br/
http://www.editoramultifoco.com.br/catalogo2.asp?lv=50
Colaborador:
Renato Amado é escritor, autor do romance Vale do Rio Preto. Publicou os contos "O Flaneur" e "Amor" respectivamente nas antologias "Humano, Humano Demais" e "Agreste Utopia". Colaborador no livro de turismo ´Rio de Janeiro: uma visão elegante`.
domingo, 15 de março de 2009
Porque o Carnaval acontece no cotidiano mais íntimo

Para enfrentar o dia, levantar da cama, olhar o mundo de frente, só mesmo vestindo uma capa de coragem, dessas que fazem super-heróis voarem nos filmes.
Na hora do trabalho, é bom que se ponha um sorriso no rosto – pode ser amarelo, aquele de papel manchado da última folia, porque o que importa mesmo é a aparência, e trate de guardar o que você sente, seja angústia, raiva, insatisfação – desses que aparentam sinceridade e que agradam o freguês. Aproveite e vista também suas orelhas mais surdas, para não escutar o que não quer. E se tiver aí à mão, ponha também uns óculos desses de Mr Magoo, para não ter que enxergar as pedras que lhe atirarem aos pés nem as possíveis facas que lhe mostram pelas costas.
Mas nem tudo é tristeza, e há também a hora de vestir a fantasia de super-herói completa. Pagar contas, administrar casa, família, e fazer tudo isso funcionar, só mesmo com ajuda de super-poderes. Aproveite a capa lá do início do dia para voar de um compromisso ao outro sem perder charme, elegância e bom humor.

Aliás, bom humor é algo essencial em dias de festa – e acho que ficou claro que a festa maior é a que se vive no dia-a-dia – e lembre-se de trazê-lo sempre, use-o extravagantemente, como quem atira confetes no salão ou tenta enlaçar alguém com um rolo de serpentina.
Amoleça o coração e brinque de ser a peça mais importante de alguém. Use sua coroa na cabeça e mande e desmande e aja como se não houvesse amanhã. Ame como se não houvesse amanhã. Porque afinal de contas pode ser tudo uma brincadeira, e se assim for, se o sentimento houver sido verdadeiro, então nada foi em vão.

Colaboração de: Cristina Moreira
Cristina Moreira não gosta de Carnaval, mas adora uma purpurina. Se pudesse, andaria todos os dias com sua coroa de strass na cabeça. Sabe que as máscaras existem, mas acredita na eventual caída delas. Exercita o sorriso até o fígado e procura viver a folia todos os dias, e não só no Carnaval.
Para saber mais, www.overcomeyourfear.blogspot.com
e www.imagempordia.blogspot.com
e www.inventariodasdelicadezas.wordpress.com
quinta-feira, 12 de março de 2009
Filhos do carnaval. Prodígio do Brasil.


A primeira temporada girava em torno de uma família que controlava a máfia do samba e do jogo ilegal no Rio de Janeiro. Na segunda temporada, os filhos lutam entre si para assumir o controle da família após a morte do pai, interpretado na primeira fase pelo ator Jece Valadão, morto em 2006. Um detalhe bem interessante da primeira temporada, que esperamos se repita na segunda, é que o conteúdo de cada episódio acaba sendo relacionado com algum animal do jogo do bicho. Assim, por exemplo, o episódio que fala das mães do filhos do carnaval chama-se "Vaca, o bicho que dá leite", o episódio que trata da traição de um dos mebros da família chama-se "Abraço de urso". Outra característica que chamou a atenção na primeira temproada foi a pluralidade de diretores, para diferentes episódios (roteiro de Elena Soarezz, Cao Hamburger e Anna Muylaert e direção de Cao Hamburger, César Rodrigues, Flávio Tambelini e Luciano Moura, com direção geral de Cao Hamburger), o que não abalou em nada a unidade da série.
Com claras influências de séries como Os Sopranos, além claro de O Poderoso Chefão, “a série é mais um drama familiar do que uma história sobre o mundo do crime”, nas palavras do próprio Cao Hamburguer. Com imagens de cinema, obtidas por meio de película, Filhos do Carnaval segue a trilha de séries como Mandrake e Alice, elevando a produção nacional a padrões internacionais, mostrando ao mundo que existe vida inteligente fora do Projac.
Paulo Menechelli Filho, gosta de brincar de jornalista, não gosta de quem se leva a sério, ama mídia de qualidade e odeia televisão aberta.
terça-feira, 3 de março de 2009
papel encontrado numa mesa do mineiro numa quarta-feira de cinzas
quem me vê sempre parado, distante, garante que eu não sei sambar...
- colocar as fantasias no sol
- comprar cigarro, cerveja e protetor solar
- confirmar o vôo (o chapeuzinho do voo fica de fantasia de carnaval)
- costurar as saias de chita
- tirar as fantasias do sol
sexta
a minha alegria atravessou o mar e ancorou na passarela... será que eu serei o dono dessa festa? um rei, no meio de uma gente tão modesta, eu vim descendo a serra, cheio de euforia para desfilar, o mundo inteiro espera, hoje é dia do riso chorar
- 5h fechar mala
- 6h no aeroporto
- colocar cerveja na geladeira da pousada
- colocar malas na pousada (!!!!!)
14h carmeltias saindo do Serginho (!!!!!!!!!!!!!!!)
sábado
chegou a turma do funil, todo mundo bebe, mas ninguém dorme no ponto, hahaha, mas ninguém dorme no ponto, nós é que bebemos e eles que ficam tontos, eu bebo, sem compromisso, é meu dinheiro e ninguém tem nada com isso...CHEGOU... sem contar com calabouço, flamengo, botafogo, urca, praia vermelha, tomo guaraná, suco de caju, goiabada para a SOBREMESA
- 9h céu na terra
- descobrir de onde sai o céu na terra
- comprar baind aid e havaianas nova
- tirar dinheiro
- levar os recém chegados para a pousada
- descobrir mais um bloco para ir
- ver se tem algum samba no curvelo
domingo
vai guarani! vai guarani! vai guarani guarani guarani
- aprender a música do bloco para não cantar só vai guarani guarani guarani
NÃO ESQUECER DE NOVO – tirar dinheiro
- 10h boitatá na praça XV
- 16h ditadura da alegria no curvelo (na frente da casa do manuel-bandeira-mário-de-andrade-mário-lago)
segunda
quanto riso, ó, quanta alegria, mais de mil palhaços no salão, o arlequim (ou o pierrot?) está chorando pelo amor da colombina, no meio da multidão... vou beijar-te agora, não me leve a mal, hoje é carnaval
- TIRAR DINHEIRO TIRAR DINHEIRO TIRAR DINHEIRO
- Ipanema para descansar
- comprar mais band aid
- 16h bloco do rei na Urca ou céu na terra (?)
- lembrar de comer
terça
nasci em santa, com muita honra, sou original (mentira!!!!), meu bem sou bamba, não faço samba de matéria de jornal, eu cresci, subindo e descendo essa ladeira (mentira!!!!!), numa pendura nesse bonde de segunda a sexta-feira, sou brasileiro, sou do rio de janeiro, eterna capital, no carmelita até homem vira freira, É CARNAVAL, não sei o que não sei o que, não sei o que não sei o que, de um beijo na boca, (beijar), ó, santa Teresa, tem Maria tem José, samba no pé, salve as carmelitas com seu charme muita fé, formou já é, mas eu nasci...
- TIRAR DINHEIRO E PAGAR TODO MUNDO (!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!) NÃO ESQUECER NÃO ESQUECER
- 10h carmelitas saindo do largo dos Guimarães
- 16h bloco de frevo no largo do machado
quarta
bandeira branca, amor, não posso mais...
- arrumar as malas
- confirmar voo
- feijoada no mineiro
- andar de bondinho para se despedir
Colaborador:
Leila de Souza Teixeira não sabe sambar, não sabe cantar, mas sabe a letra de (quase) todas as marchinhas. Não pode mais ser encontrada pelas ladeiras de Santa Teresa, mas pode no
http://www.voltaoaanoemoitentamundos.blogspot.com/
http://www.imagempordia.blogspot.com/
(Rio de Janeiro - São Paulo - Porto Alegre)
terça-feira, 24 de fevereiro de 2009
"Olhos da cidade, caminhos da almas" - exposição fotográfica de António Moreira
Inicialmente o objetivo era apenas fotografar janelas e portas portuguesas, achar uma presença portuguesa nos lugares por onde vivia. Isso porque, nascido em uma ex-colônia portuguesa, eu precisava com urgência, preencher um espaço interior que se encontrava carente. Aflorava a necessidade, como imigrante, de fazer a ponte entre o meu passado completamente perdido, a Angola da minha infância e adolescência não existe mais.

E a realidade num novo país através do traço comum da colonização portuguesa. Buscar uma referência no meu passado e achar uma raiz numa sociedade nova e ainda sem marcas na minha história pessoal. Essa observação inicial transcendeu o aspecto histórico, se estendeu a outras janelas e outras portas. Me chamou a atenção as cores, as formas e a criatividade que se coloca nas fachadas das casas. Então este caminho passou a se revelar uma via de mão dupla. De simples observador, passei a observado também.

Todas as janelas e portas eram como que os OLHOS DAS CIDADES, por onde passava, Curitiba, Antonina, Morretes, Paranaguá, Lapa, Florianópolis e Laguna. Tal qual os nossos olhos se revelam como JANELAS DA ALMA, assim aquelas portas e janelas com suas características próprias, suas cores, seus matizes, sua arte, sua estética estavam ali a me desafiar. A me contemplar, elas me instigavam a descobrir os CAMINHOS DAS ALMAS de quem as concebeu e que se escondem e revelam atrás e através delas. Nesse momento aconteceu o processo da volta, a jornada de retorno.

Ao desvendar os mistérios externos que se escondiam por trás daquelas janelas, também se me colocava o desafio maior da descoberta interna, de criar um caminho para a minha criatividade, de achar uma estética para a minha arte, de fazer uma ponte entre o meu presente e o meu passado perdido, enfim, de achar o difícil CAMINHO DA MINHA ALMA, eu estava me descobrindo assim como me descubro e revelo através destas imagens.

Esta mostra é dedicada a meu pai, António Augusto Guimarães Moreira, um visionário que há 25 anos atrás me incentivou a comprar o meu primeiro equipamento fotográfico
Texto e imagens fazem parte da exposição "Olhos da cidade, caminhos da alma", por António Albano Baptista Moreira.
As obras foram expostas em Curitiba, em abril de 2000.
Para saber mais, http://antonioabmoreira.adm.br/nicomoreira/
(Curitiba)
sábado, 21 de fevereiro de 2009
Do Porquê Freud Não Estar De Todo Errado
Anaê Matsushita Veronezi diz que não é escritora, mas eu digo que ela é. Pode ser encontrada em alguma ladeira de Santa Teresa ou dentro de algum livro da Clarice.
(Rio de Janeiro - Santa Teresa)
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009
Janelas casadoiras
Flor tinha pele morena. Quando falo morena quero dizer morena mesmo. É bom esclarecer este ponto, pois há algum tempo passou-se a utilizar a palavra “morena” para definir mulata ou negra. Estranho. Contudo, não me submeterei a tal reducionismo lingüístico. O maior atrativo de Flor eram suas ancas. Não que seus seios fossem desprezíveis ou seu rosto fosse feio. De forma alguma. Mas as ancas ofuscavam os demais atributos. Também não pretendo insinuar que os seios ou a face fossem algo de especial. Não. Não eram atraentes nem repugnantes. Eram simplesmente... ok.
Assim como o traseiro de Luciana. Sem prejudicar, a derrier de Lu tampouco a ajudava. Serei claro em poucas palavras, aproveitando a descrição de Flor para resumir a vizinha à sua esquerda: as mamas de Luciana estavam para seu traseiro assim como as nádegas de Flor estavam para seus seios, ou seja, o que uma tinha de bom em cima a outra o possuía embaixo. Juntasse as duas numa só... que piteuzinho.
Maria Eduarda tinha como principal atrativo lábios rosados e rosto de boneca. Eram lábios meigos. Lábios de senhorinha. Lábios de afago. Lábios de estrela pornô. Ah sim, de estrela pornô. Por favor, não veja qualquer contradição em minhas palavras. É notória a excitação que mulheres de aparência virginal, mas com grande libido, provoca nos homens. É velho o fetiche da colegial. Pois lá ficava Duda, em sua janela, mostrando à audiência rosto de donzela, róseos e relativamente acolchoados lábios, com seu olhar lânguido e simultaneamente sonso, provocando suspiros. Apaixonados nos ingênuos, de lamento por desejo não realizado nos tarados.
Ludmila... bem, Ludmila... era Ludmila. Nenhum atrativo. Não era feia tampouco. Talvez melhor se o fosse, pois assim se destacaria de alguma forma. Mas sequer isso. A típica pessoa que se mistura à multidão. Uma sem graça. Nada, absolutamente nada na sua aparência a ser ressaltado.
Essas eram as moças casadoiras que se debruçavam nas janelas de suas respectivas casas, disputando a atenção dos solteiros e viúvos precoces que por lá passavam. Não se fale em divorciado. Desquitado naquele lugar nos tempos em que se desenvolve esta história era um malogrado. Se um casamento fracassa o que são os nubentes senão fracassados? Raras exceções hão de ser relevadas, como no caso de Túlio, cuja esposa, mostrando ser depravada e indigna, praticamente uma mulher-dama, pediu-lhe que a penetrasse pela entrada de serviço. Mulher assim não serve para esposa. Muito boa, sem dúvida, para as necessárias diversões extraconjugais nos cabarés, mas jamais para se ter em casa, de aliança no anular esquerdo.
A competição sempre se deu de forma discreta e tácita. Nada de grandes atrevimentos, até porque moças sérias não são dadas a tal. Além disso, normalmente o potencial noivo escolhia uma delas logo após a primeira caminhada e se plantava debaixo de sua janela. Diferente, entretanto, ocorreu com Eduardo, que Maria Eduarda argumentava ser xará, o que a colocava em posição de vantagem, afinal, ela tinha alguma coisa em comum com o galã. Alegava que o fato de “Maria” acompanhar “Eduarda” não lhe tirava o parentesco de nome, afinal, ninguém deixa de ser xará de outro por ter sobrenome diferente. Por que a regra seria diversa quando se refere a um pré-prenome? Primeiro nome descartável, aliás, afinal, de que serve “Maria”? Ninguém é “Maria”. Toda Maria Fulana é conhecida como Fulana ou tem um apelido que deriva do segundo nome, assim como Duda.
Vamos às virtudes de Eduardo: empreendedorismo que o levou a tornar-se rico aos vinte e dois anos, deixando para trás um passado de classe média baixa que seu pai lhe legara; juventude; beleza; arrogância na correta medida.
A citada arrogância se confundia com uma certa malandragem, também bem temperada, no grau do romantismo. Seria, entretanto, o suficiente para que as mães o esconjurassem não fosse ele bem sucedido comerciante. Mas as filhas apenas se encantavam com aquele jeito matreiro, deixando-se muitas vezes enganar com prazer. Acima do ciúme que cada uma das quatro sentia das outras, por terem que dividir os cortejos de Eduardo, prevalecia a vontade de ser a melhor, a conquistadora, a vencedora. O orgulho subjugava o ciúme. Neste ponto não havia sequer contenda, mas completa submissão de um sentimento a outro. Maior do que a raiva que Eduardo causava ao sair de uma janela, onde acabara de entregar um belo regalo, para deixar outro na casa em frente, era a sede de vitória. Vitória. Vitória era o fim. Quais os legítimos meios para alcançá-la? (Nenhum, respondeu Dona Vitória, respeitável senhora que nada tem a ver com a trama)
Regras sociais são normalmente nebulosas. Até onde se pode avançar na busca por um fim? O que diferencia uma moça determinada de uma oferecida? Onde, afinal? Onde reside a fronteira?
Seja onde for a cerca foi aos poucos sendo deslocada pelas quatro vizinhas. As mutações lentas não são claras e percebidas, então sequer a consciência de qualquer delas gritou. Também se quedou silente a vizinhança, incapaz de notar aquele aumento paulatino no nível de oferecimento por parte das quatro donzelas. Precisou um forasteiro passar por lá e narrar-me o que viu, pois caso contrário os atos descarados passariam despercebidos. Pois, então, conto-lhe, prezado leitor, o nível de baixeza moral alcançado pelas casadoiras, beirando a ignomínia. Espero não chocá-lo.
Maria Eduarda foi a primeira a ultrapassar o limite do tolerável e borrar sua boca com grossos batons vermelhos. Em plena luz do dia, uma moça que se diz direita desonra a família expondo seus belos lábios na sacada, tingidos por batom típico de mulher da vida.
Vendo o efeito provocado por aquele utensílio, Maria Eduarda não se fez de rogada e logo lançou mão de sua maior arma. Para tal, ao contrário da vizinha, não acrescentou, apenas tirou. Reduziu consideravelmente a quantidade de pano de sua roupa, passando a exibir abundantes decotes. Para completar a (confesso, deliciosa) cena de depravação, apoiava os seios no parapeito, fazendo com que eles se acumulassem na extremidade do degolo. Uma descaração. E um desbunde!
Seguindo a mesma trilha, Flor largou a discrição de lado. Passou a fazer algo que não era possível dizer que fosse por acaso, tornando inviável sonegar ardente interesse no rapaz, e tornou a guerra virtualmente declarada. Passou a subir num banquinho junto à janela para bem expor suas ancas. Seria uma cena ridícula, não fosse tão bela a carne, uma mulher com a cabeça tocando a parte superior da janela e os quadris dois palmos acima do parapeito.
Ludmila, sem destaque ou atrativo, assistiu passiva a escalada de ousadia de suas rivais. Após alguns dias matutando chegou à conclusão de que, se a tela era desinteressante, cabia-lhe caprichar na moldura. Enfeitou, então, sua janela. Leves e coloridos lenços de seda, ornados com argolas prateadas, passaram a cercar o busto de Ludmila. Eduardo, interessado, perguntou-lhe sobre detalhes da decoração e pediu-lhe a mão. Das quatro concorrentes, a senhorita do 21 foi a única que externalizou seu interior. Ao enfeitar a janela o fez em companhia dos seus valores, seus gostos, suas preferências. Através de ação ela permitiu que sua essência se manifestasse. Foi o único momento em que qualquer daquelas meninas fez isso. As rígidas normas sociais que vigoravam não permitiam que sequer nos diálogos as casadoiras expusessem seus desejos e frustrações. Moça direita não se abre com um fulano que apareça em sua janela, mesmo que interessante, pois ainda assim ainda é um fulano na janela. Aliás, moça direita esconde os dentes, recatada, pouco fala. Pede a bênção ao pai pela manhã e beija a mão da mãe em boa noite. Janela em poucos momentos e de preferência de forma discreta e na ausência do pai. Mãe tolera por alguns minutos, mas pai atencioso não permite filha na janela. Pois, pouco falando e mais ouvindo e lançando comportados, porém interessados sorrisos, donzela não expõe suas entranhas aos pretendentes, que só vão conhecê-las com a convivência pós-casamento. Entretanto, Ludmila o fez. E fez muito bem, pois realizado em perfeita consonância com a etiqueta. Sem qualquer ato desabonador, que fosse de encontro ao necessário recato, a moça mostrou ao pretendente que tinha muitos atrativos, mas estavam escondidos sob aquela couraça sem sal que a envolvia. As demais, entretanto, apenas continuaram exibindo - com maior ênfase, não se negue - já conhecidas virtudes físicas, ou seja, naquele momento em que a rixa acirrou-se foram incapazes de apresentar algo novo, uma surpresa qualquer.
Seis meses depois Ludmila e Eduardo casaram-se e naquela janela nada mais se viu. Apenas se ouvia, caso se passasse bem em frente, prazerosos ruídos. Flor passou a roer a unha.
Colaborador:
Renato Amado é escritor, autor do romance Vale do Rio Preto.Publicou os contos "O Flaneur" e "Amor" respectivamente nas antologias "Humano, Humano Demais" e "Agreste Utopia". Colaborador no livro de turismo ´Rio de Janeiro: uma visão elegante`
Sobre "Renato Amado": http://www.renatoamado.blogger.com.br/
Sobre "romance Vale do Rio Preto": http://www.editoramultifoco.com.br/catalogo2.asp?lv=50 .
(Rio de Janeiro)
domingo, 15 de fevereiro de 2009
Ficções - Janelas dos teus olhos
E foram tantas as vezes que encontrei teus olhos incandescentes de calor que achei que a lareira estaria acesa para mim para sempre, que tua boca seria sempre a porta de entrada para o mundo mágico que te pertence, e que eu poderia estar do lado de dentro dos vidros e enxergar por eles a realidade, e experimentar o gosto do mundo pela tua língua para sempre.
Não percebi que para sempre é uma medida de tempo, e como toda medida tem um começo e um meio e um fim, e acho que teu calor - talvez a luz dos teus olhos – era tão inebriante que me deixei levar, me deixei cegar e não vi (não quis ver?) o fim se aproximando, cercando tuas janelas, pairando sobre elas como uma nuvem de inverno tapando o sol, nevando aos poucos para dentro da chaminé até encharcar a lenha e apagar de vez qualquer chance de o fogo ser acendido novamente.
Não quis ver as luzes se apagando e as cortinas sendo puxadas lentamente para que eu não pudesse nunca mais ver o que se passa dentro dos teus olhos, para que eu não adivinhasse que o amor que tu emanavas estava chegando ao fim.
Teus olhos são janelas, sabe, mas a única coisa que consigo enxergar agora é o meu próprio reflexo nos vidros opacos, escuros, vazios. E o mundo que aprendi a ver pelos teus olhos, terei de desaprender, e minhas mãos terão de procurar outro lugar para se apoiar e descansar. E terei de experimentar todos os sabores de novo, treinar novamente o paladar, testar o que é bom e o que não é bom para mim, para o meu gosto, para as minhas vontades. E não importa o que aconteça, o mundo será a partir de então um lugar menos luminoso e menos aquecido pela falta que fará a luz dos teus olhos e o teu calor, para sempre, para mim.
Colaborador:
Texto e fotos de Cristina Moreira
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(Porto Alegre)
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009
Uma janela na lata. Uma janela mágica.





Após essa primeira oportunidade, que teve um caráter bem experimental pois não possuíamos formação como professores, começaram a surgir outros convites para reprodução da experiência. A possibilidade de transformar simples objetos do cotidiano em aparatos de construção de imagens fotográficas sempre despertou curiosidade e interesse nas pessoas. Os adultos chegavam a duvidar de tal possibilidade, já as crianças sempre tiveram maior facilidade em conviver com a idéia. A primeira oficina de maior duração ocorreu no Encontro Nacional dos Estudantes de Comunicação realizado na Unisinos em 2000, os participantes tiveram a oportunidade de construir suas câmeras, fotografar para obtenção do negativo e depois transformar o negativo em positivo, a cópia fotográfica. Até 2001, trabalhávamos em três pessoas, Paula Biazus, Maisa Del Frari e Guilherme Galarraga, quando se juntaram a nós Pedro Araújo e Rafael Johann.
A possibilidade de desmistificação do processo fotográfico permitido pela pinhole sempre foi uma das motivações do grupo. Nas oficinas, os participantes têm a possibilidade de acompanhar o processo fotográfico, desde o seu início, até chegar à cópia fotográfica final. A fotografia passa a ser um processo em que a construção da imagem está em evidência, a mágica se encontra na compreensão de um fenômeno físico simples, a câmera obscura, que permite transformar em imagens fotográficas a percepção da realidade em que vivemos.
Quando o grupo ficou completo, tivemos uma experiência de seis meses com crianças de uma comunidade de Porto Alegre, a Vila Nossa Senhora de Fátima, em que tivemos a oportunidade de realizar um grande laboratório sobre nossas oficinas. No ano de 2002, participamos pela primeira vez do Projeto Descentralização da Cultura da Prefeitura de Porto Alegre e fomos contemplados com o FUMPROARTE para a realização de um projeto autoral, O Olhar Passageiro. Fotografamos diversos pontos da cidade e transformamos as imagens pinholes em adesivos colados nas janelas dos ônibus metropolitanos. Essas fotografias circularam por mais de seis meses na cidade em que foram obtidas convidando os passageiros a um novo olhar sobre lugares já vistos – link: www.latamagica.art.br/oolhar.
Entre os anos de 2004 e 2006 executamos um projeto chamado igualmente Lata Mágica (http://www.fotografia.ufrgs.br/latamagica/) que consistia na execução de quatro oficinas em bairros da cidade com duração de aproximadamente um mês cada, a realização de uma exposição no local, posteriormente a reunião das imagens em um catálogo e uma exposição final. Em 2007, tivemos a oportunidade de participar do Encontro sobre Inclusão Visual no Rio de Janeiro com a participação de projetos de todo o país e também de realizar uma oficina na I Semana de Fotografia do Recife. Atualmente, possuímos dois membros, Paula Biazus e Rafael Johann, e trabalhamos além da já tradicional foto na lata com uma técnica aprendida com Miguel Chikaoka, fotógrafo e educador de Belém do Pará, que se chama pinlux. Consiste em transformar uma caixa de fósforos em câmera e a utilização de negativo 35mm para a obtenção das imagens. A pesquisa nessa nova forma de fotografar já foi aplicada no Grupo Hospitalar Conceição durante o ano de 2008 em que trabalhamos com os funcionários do Centro de Atendimento Psicossocial. O nosso trabalho autoral, utilizando a pinlux, poderá ser visto no FestFoto 2009 (Festival de Fotografia de Porto Alegre).
Outros Links para trabalhos do grupo:
http://www.fotografia.ufrgs.br/port/05_portfolio/raf_johann/index.htm
http://www.fotografia.ufrgs.br/port/05_portfolio/aranha/index.htm
Paula Biazus é jornalista, graduada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e Mestre em Antropologia Social na mesma instituição. Fotografa desde 1996; fez parte da equipe do Núcleo de Fotografia da Fabico - Ufrgs de 1997 a 2008. Integra o Grupo Lata Mágica desde 1999; trabalhou no site http://www.foto.art.br/ entre os anos de 1999 e 2001, assim como na III Bienal de Artes Visuais do Mercosul em 2001. Entre 2003 e 2007, atuou como pesquisadora associada ao Banco de Imagens e Efeitos Visuais, grupo de pesquisa ligado ao Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social - UFRGS, como coordenadora do grupo de trabalho sobre coleções etnográficas em fotografia.
Rafael Johann é Bacharel em Artes Plásticas – ênfase em Fotografia pela UFRGS – e Licenciado em Artes Visuais pela mesma Universidade. Integrante do grupo Lata Mágica desde 2001. Integrou o Núcleo de Fotografia da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação Social/UFRGS de 2001 a 2008, onde atuou na área de Monitoria, Projetos Especiais e Cursos de Extensão. Entre 2001 e 2004, trabalhou também na Produtora Independente de Cinema SENDERO. Dentre os Salões e Prêmios que já participou, destacam-se: Prêmio Chamex de Arte Jovem (São Paulo, abril de 2004), Festival Black & White (Porto, Portugal, Maio de 2005) e 16º Salão de Artes Plásticas da Câmara Municipal de Porto Alegre (Setembro/Outubro de 2008).
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009
Não é Big Brother, mas pode dar uma espiadinha




Sempre defino, quando tenho poucas linhas, que é um projeto de cartazes-literários meu e do meu amigo e poeta Everton Behenck. O Assis Brasil já disse uma vez que era guerrilha.
Acho que pra entender essas definições e chegar na sua própria, o melhor mesmo é contar um pouco da curta história dessa idéia. Foi lá pro meio de 2007 que ela apareceu em conversas minhas com o Everton sobre vontades e dificuldades (quase impossibilidades) de ver material nosso publicado. Quem é ou já foi jovem-autor-estreante deve saber bem desse sentimento. Pois nessas divagações ocorreu pra gente que, mais do que um livro, mais do que página de uma revista, nossa vontade era de chegar em mais leitores, seja lá como fosse. E, talvez porque os dois sejam publicitários, talvez porque cartaz aceite tudo, até show de pagode, um dia apareceu esse raciocínio “por que é que a gente não se publica aos poucos, uma página por vez, um cartaz mezzo ficção, mezzo poesia?
E poderia ter ficado na poesia e na ficção mesmo. Mas a conversa evoluiu, com direito a reflexões e cervejas sobre “pô, a música já teve vinil, cd, cassete, mp3 e sei lá mais o quê, por que é que a literatura tá sempre no mesmo suporte, o livro?” Bonito, né? Antes que a coisa virasse uma bela reflexão de bar, agitamos o diretor de arte Jacques Fernandes pra tocar a cara do projeto. Ele topou. Pronto, já tinha mais alguém comprometido com a história, alguém com quem ficaria chato se o projeto não fosse adiante.
Em paralelo, rolava a discussão do batismo desse filho. Nem sei se foi ao natural, mas Janelas era perfeito. Porque abriria espaços pra literatura e pra reflexão nas paredes, porque qualquer um pode espiar pra dentro da nossa obra, porque todo escritor é um pouco voyeur e quer se mostrar pro leitor. Nada melhor que Janelas.
Batizado, textos que coubessem escolhidos, bicho desenhado pelo Jacques, 200 cópias impressas, acho que isso foi em 17 de novembro de 2007. Fizemos um blogue pra registrar a história do projeto e começou o que eu acho que o Assis Brasil quis dizer com guerrilha: colar esses cartazes. Guerrilheiros bem municiados, não teve economia de bala, e saímos abrindo janela onde desse na telha: parede de bar, banheiro de bar, mural, banheiro, vitrine de livraria, na rua, em salão de cabeleireiro e provador de loja. E também teve janelas voadoras que não eram de avião. Na mala de amigos, nas nossas férias ou pelo correio, os cartazes foram pro interior do RS, pra São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Salvador, João Pessoa, Mato Grosso, Portugal e Inglaterra até onde eu me lembro. Sem falar das pessoas que abriram Janelas via internet. Teve gente conferindo o projeto na Hungria.
Bueno, como a gente nunca tinha feito coisa parecida ou conversado com quem já o tivesse realizado, pagamos, lógico, o preço de sermos pedreiros de primeira obra nessa história de abrir janelas. Explico: nas primeiras conversas sobre o projeto, eu e o Everton projetávamos novas edições a cada dois, três meses. Vai nessa. Tinha seis meses de Janelas e ainda tinha cartaz pra distribuir e colar por aí. Fora que a crise também bate nesse micro-segmento. Quando o Everton podia investir de novo, eu não. Vice-versa. Resultado disso é que tem gente que acha até que cerramos a história.
Nada disso.
A segunda edição está sendo desenhada nesse momento pelo designer Gabriel Not e logo, logo eu e o Everton – e quem mais quiser ajudar a colar – estaremos escancarando e nos exibindo em janelas por aí.
Aguardem e venham espiar.
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Saiba mais
Blogue do projeto: http://www.janelas-blog.blogspot.com/
Reginaldo Pujol Filho é redator publicitário e escritor. Autor do livro Azar do Personagem (Não Editora, 2007), também publicou contos em antologias, revistas e sites. Escreve colunas para os sites Cine Ronda e Vaia. Pra conhecer mais, visite http://www.naoeditora.com.br/, http://www.porcausadoselefantes.blogspot.com/.
Everton Behenck é redator publicitário, poeta e música. Mantém o blogue de poesia http://www.apesardoceu.wordpress.com/, publicou em antologias de concursos literários, jornais e revista. Está preparando para lançar Os Dentes da Delicadeza. Você também pode encontrar o Everton na noite portoalegrense tocando percussão na banda Cordão de Cor.
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009
O olho é a janela da alma. O espelho do mundo – Leonardo da Vinci

"Amadora" de contos.
"Fotógrafa" amadora.