Então tá: o que é Janelas com maiúscula? O que é, além do plural de Abertura na parede de casa para dar luz e ar?
Sempre defino, quando tenho poucas linhas, que é um projeto de cartazes-literários meu e do meu amigo e poeta Everton Behenck. O Assis Brasil já disse uma vez que era guerrilha.
Acho que pra entender essas definições e chegar na sua própria, o melhor mesmo é contar um pouco da curta história dessa idéia. Foi lá pro meio de 2007 que ela apareceu em conversas minhas com o Everton sobre vontades e dificuldades (quase impossibilidades) de ver material nosso publicado. Quem é ou já foi jovem-autor-estreante deve saber bem desse sentimento. Pois nessas divagações ocorreu pra gente que, mais do que um livro, mais do que página de uma revista, nossa vontade era de chegar em mais leitores, seja lá como fosse. E, talvez porque os dois sejam publicitários, talvez porque cartaz aceite tudo, até show de pagode, um dia apareceu esse raciocínio “por que é que a gente não se publica aos poucos, uma página por vez, um cartaz mezzo ficção, mezzo poesia?
E poderia ter ficado na poesia e na ficção mesmo. Mas a conversa evoluiu, com direito a reflexões e cervejas sobre “pô, a música já teve vinil, cd, cassete, mp3 e sei lá mais o quê, por que é que a literatura tá sempre no mesmo suporte, o livro?” Bonito, né? Antes que a coisa virasse uma bela reflexão de bar, agitamos o diretor de arte Jacques Fernandes pra tocar a cara do projeto. Ele topou. Pronto, já tinha mais alguém comprometido com a história, alguém com quem ficaria chato se o projeto não fosse adiante.
Em paralelo, rolava a discussão do batismo desse filho. Nem sei se foi ao natural, mas Janelas era perfeito. Porque abriria espaços pra literatura e pra reflexão nas paredes, porque qualquer um pode espiar pra dentro da nossa obra, porque todo escritor é um pouco voyeur e quer se mostrar pro leitor. Nada melhor que Janelas.
Batizado, textos que coubessem escolhidos, bicho desenhado pelo Jacques, 200 cópias impressas, acho que isso foi em 17 de novembro de 2007. Fizemos um blogue pra registrar a história do projeto e começou o que eu acho que o Assis Brasil quis dizer com guerrilha: colar esses cartazes. Guerrilheiros bem municiados, não teve economia de bala, e saímos abrindo janela onde desse na telha: parede de bar, banheiro de bar, mural, banheiro, vitrine de livraria, na rua, em salão de cabeleireiro e provador de loja. E também teve janelas voadoras que não eram de avião. Na mala de amigos, nas nossas férias ou pelo correio, os cartazes foram pro interior do RS, pra São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Salvador, João Pessoa, Mato Grosso, Portugal e Inglaterra até onde eu me lembro. Sem falar das pessoas que abriram Janelas via internet. Teve gente conferindo o projeto na Hungria.
Bueno, como a gente nunca tinha feito coisa parecida ou conversado com quem já o tivesse realizado, pagamos, lógico, o preço de sermos pedreiros de primeira obra nessa história de abrir janelas. Explico: nas primeiras conversas sobre o projeto, eu e o Everton projetávamos novas edições a cada dois, três meses. Vai nessa. Tinha seis meses de Janelas e ainda tinha cartaz pra distribuir e colar por aí. Fora que a crise também bate nesse micro-segmento. Quando o Everton podia investir de novo, eu não. Vice-versa. Resultado disso é que tem gente que acha até que cerramos a história.
Nada disso.
A segunda edição está sendo desenhada nesse momento pelo designer Gabriel Not e logo, logo eu e o Everton – e quem mais quiser ajudar a colar – estaremos escancarando e nos exibindo em janelas por aí.
Aguardem e venham espiar.
++++++++++++
Saiba mais
Blogue do projeto: http://www.janelas-blog.blogspot.com/
Sempre defino, quando tenho poucas linhas, que é um projeto de cartazes-literários meu e do meu amigo e poeta Everton Behenck. O Assis Brasil já disse uma vez que era guerrilha.
Acho que pra entender essas definições e chegar na sua própria, o melhor mesmo é contar um pouco da curta história dessa idéia. Foi lá pro meio de 2007 que ela apareceu em conversas minhas com o Everton sobre vontades e dificuldades (quase impossibilidades) de ver material nosso publicado. Quem é ou já foi jovem-autor-estreante deve saber bem desse sentimento. Pois nessas divagações ocorreu pra gente que, mais do que um livro, mais do que página de uma revista, nossa vontade era de chegar em mais leitores, seja lá como fosse. E, talvez porque os dois sejam publicitários, talvez porque cartaz aceite tudo, até show de pagode, um dia apareceu esse raciocínio “por que é que a gente não se publica aos poucos, uma página por vez, um cartaz mezzo ficção, mezzo poesia?
E poderia ter ficado na poesia e na ficção mesmo. Mas a conversa evoluiu, com direito a reflexões e cervejas sobre “pô, a música já teve vinil, cd, cassete, mp3 e sei lá mais o quê, por que é que a literatura tá sempre no mesmo suporte, o livro?” Bonito, né? Antes que a coisa virasse uma bela reflexão de bar, agitamos o diretor de arte Jacques Fernandes pra tocar a cara do projeto. Ele topou. Pronto, já tinha mais alguém comprometido com a história, alguém com quem ficaria chato se o projeto não fosse adiante.
Em paralelo, rolava a discussão do batismo desse filho. Nem sei se foi ao natural, mas Janelas era perfeito. Porque abriria espaços pra literatura e pra reflexão nas paredes, porque qualquer um pode espiar pra dentro da nossa obra, porque todo escritor é um pouco voyeur e quer se mostrar pro leitor. Nada melhor que Janelas.
Batizado, textos que coubessem escolhidos, bicho desenhado pelo Jacques, 200 cópias impressas, acho que isso foi em 17 de novembro de 2007. Fizemos um blogue pra registrar a história do projeto e começou o que eu acho que o Assis Brasil quis dizer com guerrilha: colar esses cartazes. Guerrilheiros bem municiados, não teve economia de bala, e saímos abrindo janela onde desse na telha: parede de bar, banheiro de bar, mural, banheiro, vitrine de livraria, na rua, em salão de cabeleireiro e provador de loja. E também teve janelas voadoras que não eram de avião. Na mala de amigos, nas nossas férias ou pelo correio, os cartazes foram pro interior do RS, pra São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Salvador, João Pessoa, Mato Grosso, Portugal e Inglaterra até onde eu me lembro. Sem falar das pessoas que abriram Janelas via internet. Teve gente conferindo o projeto na Hungria.
Bueno, como a gente nunca tinha feito coisa parecida ou conversado com quem já o tivesse realizado, pagamos, lógico, o preço de sermos pedreiros de primeira obra nessa história de abrir janelas. Explico: nas primeiras conversas sobre o projeto, eu e o Everton projetávamos novas edições a cada dois, três meses. Vai nessa. Tinha seis meses de Janelas e ainda tinha cartaz pra distribuir e colar por aí. Fora que a crise também bate nesse micro-segmento. Quando o Everton podia investir de novo, eu não. Vice-versa. Resultado disso é que tem gente que acha até que cerramos a história.
Nada disso.
A segunda edição está sendo desenhada nesse momento pelo designer Gabriel Not e logo, logo eu e o Everton – e quem mais quiser ajudar a colar – estaremos escancarando e nos exibindo em janelas por aí.
Aguardem e venham espiar.
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Blogue do projeto: http://www.janelas-blog.blogspot.com/
Colaboradores:
Reginaldo Pujol Filho é redator publicitário e escritor. Autor do livro Azar do Personagem (Não Editora, 2007), também publicou contos em antologias, revistas e sites. Escreve colunas para os sites Cine Ronda e Vaia. Pra conhecer mais, visite http://www.naoeditora.com.br/, http://www.porcausadoselefantes.blogspot.com/.
Everton Behenck é redator publicitário, poeta e música. Mantém o blogue de poesia http://www.apesardoceu.wordpress.com/, publicou em antologias de concursos literários, jornais e revista. Está preparando para lançar Os Dentes da Delicadeza. Você também pode encontrar o Everton na noite portoalegrense tocando percussão na banda Cordão de Cor.
Reginaldo Pujol Filho é redator publicitário e escritor. Autor do livro Azar do Personagem (Não Editora, 2007), também publicou contos em antologias, revistas e sites. Escreve colunas para os sites Cine Ronda e Vaia. Pra conhecer mais, visite http://www.naoeditora.com.br/, http://www.porcausadoselefantes.blogspot.com/.
Everton Behenck é redator publicitário, poeta e música. Mantém o blogue de poesia http://www.apesardoceu.wordpress.com/, publicou em antologias de concursos literários, jornais e revista. Está preparando para lançar Os Dentes da Delicadeza. Você também pode encontrar o Everton na noite portoalegrense tocando percussão na banda Cordão de Cor.
Ei, eu te conheço! Você esteve no Clube da Leitura, no sebo Baratos da Ribeiro, em Copacabana, e leu a história do sal na batatinha. Aliás, seu texto contou com o meu voto e merecidamente foi o vencedor da primeira rodada. Legal estarmos juntos aqui.
ResponderExcluirSaudações.