terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

"Olhos da cidade, caminhos da almas" - exposição fotográfica de António Moreira







Inicialmente o objetivo era apenas fotografar janelas e portas portuguesas, achar uma presença portuguesa nos lugares por onde vivia. Isso porque, nascido em uma ex-colônia portuguesa, eu precisava com urgência, preencher um espaço interior que se encontrava carente. Aflorava a necessidade, como imigrante, de fazer a ponte entre o meu passado completamente perdido, a Angola da minha infância e adolescência não existe mais.














E a realidade num novo país através do traço comum da colonização portuguesa. Buscar uma referência no meu passado e achar uma raiz numa sociedade nova e ainda sem marcas na minha história pessoal. Essa observação inicial transcendeu o aspecto histórico, se estendeu a outras janelas e outras portas. Me chamou a atenção as cores, as formas e a criatividade que se coloca nas fachadas das casas. Então este caminho passou a se revelar uma via de mão dupla. De simples observador, passei a observado também.














Todas as janelas e portas eram como que os OLHOS DAS CIDADES, por onde passava, Curitiba, Antonina, Morretes, Paranaguá, Lapa, Florianópolis e Laguna. Tal qual os nossos olhos se revelam como JANELAS DA ALMA, assim aquelas portas e janelas com suas características próprias, suas cores, seus matizes, sua arte, sua estética estavam ali a me desafiar. A me contemplar, elas me instigavam a descobrir os CAMINHOS DAS ALMAS de quem as concebeu e que se escondem e revelam atrás e através delas. Nesse momento aconteceu o processo da volta, a jornada de retorno.






Ao desvendar os mistérios externos que se escondiam por trás daquelas janelas, também se me colocava o desafio maior da descoberta interna, de criar um caminho para a minha criatividade, de achar uma estética para a minha arte, de fazer uma ponte entre o meu presente e o meu passado perdido, enfim, de achar o difícil CAMINHO DA MINHA ALMA, eu estava me descobrindo assim como me descubro e revelo através destas imagens.











Esta mostra é dedicada a meu pai, António Augusto Guimarães Moreira, um visionário que há 25 anos atrás me incentivou a comprar o meu primeiro equipamento fotográfico






Texto e imagens fazem parte da exposição "Olhos da cidade, caminhos da alma", por António Albano Baptista Moreira.

As obras foram expostas em Curitiba, em abril de 2000.

Para saber mais, http://antonioabmoreira.adm.br/nicomoreira/

(Curitiba)

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